Qual é a origem do 4e20?

4:20 não é só um número que você vê no relógio e dá aquele sorrisinho; tem uma história inteira de como isso começou.
Vem com a gente numa viagem no tempo para a Califórnia dos anos 70 e entenda como um "mapa do tesouro", uma estátua de um químico francês e um grupo de amigos criaram mais do que um código: um movimento.

Teorias da origem do 4e20

Ah, o universo das teorias alternativas! "4:20" pode até ter uma origem certeira, mas isso não impediu a galera de viajar nas possibilidades. Então, antes de aterrissarmos na história real dos Waldos, bora dar uma espiada em algumas das teorias mais loucas e criativas que já rolaram por aí sobre esse código canábico.

16:20 e Albert Hoffman?
Não uma teoria, mas sim uma baita de uma coincidência. O cientista suíço pai do LSD fez anotações do exato momento em que ele decidiu experimentar sua criação alucinógena, e advinha? Nas anotações que ele fez em laboratório o relógio marcava 16:20. Por mais real que essa anotação seja, e você pode ver o trecho dela logo abaixo,  não foi por causa da trip histórica de um dos maiores cientista da história que 4:20 ficou famoso.

Abaixo o trecho em inglês retirado do livro “LSD, my problem child", e a foto do caderninho do cara:

"Autoexperiências
19/04/43 16:20: 0,5 cc de solução aquosa de 1/2 promil (...)  
17:00: Início de tontura, sensação de ansiedade, distorções visuais, sintomas de paralisia, vontade de rir..."

Mas ó, aperta o pause nas teorias porque a verdadeira história dos Waldos ainda tá por vir. E acredite, ela é tão boa quanto essas viagens todas que a gente adora imaginar.

A real origem do 4:20 

Vamos rebobinar a fita até os anos 70, e conhecer a real história por trás do código 4:20, mas especificamente em 1971 na Califórnia. Há mais de 50 anos atrás! A cena? Um grupo de estudantes da San Rafael High School, – conhecidos como os "Waldos" – que tinham esse apelido por ficarem num muro do campus da escola de zoeira com a galera que passava por ali (muro em inglês?: wall, daí os Waldos…)

Logo, os Waldos buscaram emoção além das paredes da escola, inventando os 'safaris'. Em seu Impala verde, ao som de Santana ou Bob Dylan, com baseados acesos, eles miravam novos destinos, sempre chapados. Uma dessas aventuras, impulsionada por um mapa do tesouro, foi o começo da lenda "420".

Conta a lenda, que  Bill McNulty, um amigo dos Waldos, tinha um cunhado que trabalhava na guarda costeira, e um dia ele trouxe um mapa feito a mão com a trilha para o tesouro: uma plantação de cannabis que os growers iam abandonar com medo de serem descobertos e isso ferrá-los na guarda-costeira. Os Waldos, obviamente, se voluntariaram pra ir lá colher o que seria abandonado e marcaram de se encontrar as 4h20.

Como o horário 4:20 foi escolhido?

As 3:00 acabavam as aulas, mas Jeff e Larry tinham treino de futebol depois disso. Então, vamos contar aí 1 horinha de treino + um tempinho no vestiário e 4:20 parecia a hora perfeita para se encontrarem em frente a estátua do químico francês Louis Pasteur, bem próximo a entrada da escola.

Ali era o meet point pra bolar um baseado, ficar high e sair à caça da plantação de maconha.
Plantação essa que, ficaram semanas procurando infelizmente eles nunca encontraram.

Em entrevista para a revista California Leaf, Steve Steve Capper contou que durante essas semanas eles se viam pelo corredor da escola, sorriam um pro outro e usavam o código:

“4:20, no Louis.”

Com o passar do tempo, “4:20 Louis” virou só 420 e eles perceberam que tinham criado um código secreto pra falar sobre maconha na frente dos pais, policiais e geral…

Vamos entender que no contexto que os Waldos fincou o 420, a erva não era discriminalizada na California, muito pelo contrário, dependendo da situação um único baseado poderia te render anos de prisão. O código 4e20 na real é um vestígio de um passado pesado na criminalização da planta cannabis nos Estados Unidos.

Como 4:20 se tornou mundial?

Iniciado como um jeito descolado de falar sobre a resenha pós-aula entre a galera, "4:20" rapidinho virou vibe mundial. Mas, como é que essa gíria entre a turma da Califórnia bombou pelo planeta? A parada toda tem a ver com a banda Grateful Dead.

Rolava uma conexão direta de um dos "Waldos" com os caras da banda, colando nos ensaios em San Rafael. Por essa onda, o "4:20" acabou virando linguagem comum entre os membros do Grateful Dead e, logo, com os fãs da banda. Os chamados "Deadheads", fãs fervorosos do Grateful Dead, espalharam o termo pelo underground da contracultura nas viagens e shows pelos anos 70 e 80. Aí, a "High Times", aquela revista raiz da cultura canábica, entrou na jogada, espalhando o "4:20" pra todo canto, transformando o código num ícone estampado na camisa da cultura da maconha pelo mundo.

Os 5 em frente a estátua do meet point de 1971: Steve Capper, Dave Reddix, Jeffrey Noel, Larry Schwartz and Mark Gravitch

E o 20 de abril? (4/20)

Na formatação de data americana o mês vem primeiro, então.... 4/20 tem uma data no calendário! Dá pra dizer que ela virou tipo o Natal para a galera do green lifestyle, só que sem Papai Noel e com um estoque de munchies suficiente para uma maratona de séries e filmes favoritos. 

Então, quando o relógio bater 4:20, saiba que você não está só na vibe. Está conectado a uma tradição que já dura mais de 50 anos e continua quebrando barreiras e estigmas.

E aí, vai encarar a larica depois do F1 ou vai entrar na onda do biotônico natural e esperar os efeitos mágicos do THC? Seja como for, lembre-se: a ciência explica (Por que maconha dá fome?) e a história... bom, a história a gente celebra.

Feliz 4:20 galera! 🌿

GIF Capa: frames do clipe Corinne Bailey Rae - New York Transit Queen
Fotos: Waldos Media